início do conteúdo

IFMT atravessa as fronteiras do país pelo respeito à diversidade e combate ao Bullying

Publicado por: Campus Várzea Grande / 19 de Julho de 2017 às 09:54

Grupo de Pesquisa em Humanidades e Sociedade Contemporânea do IFMT (GPHSC) e Programa de Pós-Graduação em Ensino IFMT/UNIC (PPGEN ) defendem o respeito à diversidade e a inclusão social através de pesquisa sobre Violação dos Direitos Humanos e Bullying no contexto escolar

Um pai chega na secretaria de uma escola de ensino médio, com seu filho, e pergunta porque a menina com quem seu filho fez cyberbullying também não foi punida por ter entrado em redes sociais de um computador do laboratório da escola, já que isso é proibido. A culpa seria mais dela do que do filho dele, disse o pai, pois se ela não tivesse feito isso, o filho dele não teria encontrado sua rede social aberta e feito piadinha online com ela. Este foi um fato, verídico, dentre tantos que ocorrem dentro e fora das instituições de ensino todos os dias. Quais deveriam ser, afinal, as reações nessas situações, tanto dos estudantes, pais e profissionais?

Bullying é uma palavra de origem inglesa usada para definir diversas formas de violência imposta a indivíduos ou grupos de indivíduos: agressões físicas, psicológicas, repressão, exclusão, discriminação e calúnia. O objetivo é provocar apreensão, angústia, humilhação, despertar sofrimento a outra pessoa, sem dar à vítima a possibilidade ou capacidade de defesa, sendo realizadas dentro de uma relação desproporcional de forças ou poder.

Através da percepção de casos de intimidação e violência que estavam ocorrendo dentro do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT, componentes do GPHSC elaboraram o Projeto de Pesquisa Violação dos Direitos Humanos e Bullying no contexto escolar: Diagnóstico e proposta de intervenção com base no empoderamento dos alunos. A pesquisa abarcou alunos do ensino médio, em sete escolas, dentre elas quatro campi do IFMT, duas escolas estaduais e uma particular. Ele conta com o apoio do Reitor do IFMT, professor Willian Silva de Paula; da PROPES, dos diretores dos campi Cuiabá Bela Vista, Cuiabá Octayde Jorge da Silva, São Vicente, Sinop, Pontes e Lacerda e Várzea Grande.

Resultados da pesquisa são publicados e apresentados em eventos nacionais e internacionais

Na última sexta-feira, dia 14 de julho de 2017, dois artigos foram apresentados no Congresso Ibero-Americano em Avaliação Qualitativa (CIAIQ 2017) e do 2nd International Symposium on Qualitative Research (ISQR2017), realizados em Salamanca, na Espanha, entre os dias 12 e 14 de julho. A mestranda do PPGEN, Vanessa Costa Gonçalves Silva, apresentou o trabalho Violência escolar no Brasil: desafios em curso na educação do século XXI , escrito também pelas professoras Dras Cleide de Oliveira, Veralúcia de Souza e o professor Francisco de Oliveira.

Segundo Vanessa, durante a apresentação do artigo, o trabalho "teve uma bela discussão com os demais participantes da comunicação, foi bem avaliado e houve trocas de contatos com os pesquisadores de outros estados do Brasil, para estreitar os laços e apronfundar os debates sobre bullying e direitos humanos".

O mestrando do PPGEN, Jair Aniceto de Souza, apresentou o trabalho Pesquisa qualitativa em Educação: um ensaio paradigmático, de autoria de Raquel Martins Fernandes Mota, Marco Aurélio Bulhões Neiva, Paulo Alves de Oliveira, Rodney Mario de Almeida, Felicissimo Bolivar da Fonseca e o próprio apresentador.

Nesta segunda-feira, dia 17 de julho, a professora e fundadora do GPHSC, Raquel M. F. Mota e o pesquisador do grupo, professor especialista Yuri Ogaya de Assumpção, apresentaram os artigos Violação dos Direitos humanos e Bullying: a sociabilidade no cotidiano escolar e Bullying e Identidade, com co-autoria de autores, durante a 69a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC 2017, em Belo Horizonte. Nos dois artigos, os autores apresentam alguns dos resultados iniciais obtidos com a pesquisa feita a partir da aplicação do questionário online “Violação dos Direitos Humanos e Bullying”.

A avaliadora da 69ª SBPC e professora da FAE/UFMG, prof.ª Draª Daniela Freitas Brito Montuani, parabenizou o trabalho apresentado e enfatizou a relevância da temática sobre bullying e direitos humanos na atualidade. Para ela, "o grande diferencial deste trabalho foi a forma como este grupo de pesquisa tem elaborado esta diversidade de olhares sobre uma mesma temática". Daniela falou, ainda, sobre o desafio de lidar com várias vertentes teóricas e metodológicas, mas é assim que conseguirão contribuir com um trabalho de qualidade e diversificado. “E, também, com a possibilidade de extensão a partir da pesquisa, não é só uma pesquisa, mas com bastante possibilidade de inserção nas escolas de uma atuação efetiva", finalizou.

A importância da pesquisa para a Instituição

Para a Profª Drª Raquel Mota, “a escola é, depois da família, o mais importante ambiente de socialização, sendo o espaço onde as crianças e os jovens passam boa parte do tempo e a sua função é educar, proteger e aprimorar seus estudantes no que se refere aos valores, o respeito e o exercício da cidadania e do direito de todos. No entanto, esse é um desafio que não tem sido fácil de enfrentar, já que os índices de violência, de norte a sul do país, são cada vez maiores no contexto da escola brasileira”.

Em artigo publicado com os resultados da pesquisa feita em uma escola particular do ensino médio, em Cuiabá, Bullying no contexto escolar: apontamento à luz de Foucault, a psicóloga do IFMT Bela Vista e mestranda na UFMT, Adriana M. de Oliveira, e outros autores, puderam verificar que muitos estudantes já sofreram algum tipo de constrangimento e se sentem violados quanto aos insultos devido a características físicas, dentre outras situações. “É nesse sentido que podemos entender o bullying como resultado de um dispositivo de controle, de modo que os corpos se propõem padrões, regras e hierarquias, e as mesmas são constituídas por grupos específicos com relações de poder entre si”, afirmam os autores.

Em reunião realizada no dia 21 de junho de 2017, os pesquisadores indicam algumas ações para enfrentar essas situações: concursos de poesia e vídeo, mesas-redondas, minicursos, apresentações culturais, palestras que incluam toda a comunidade escolar, equipe educacional, pais e alunos, divulgação dos resultados nos meios de comunicação do Instituto, realização de pesquisa com os mesmos sujeitos, abarcando outros temas ligados ao bullying, atuação de equipes multiprofissionais, banners de campanhas de prevenção e resultados da pesquisa, criação de comissões locais de combate às questões relacionadas ao bullying no contexto escolar e à Defesa dos Direitos Humanos, dentre outras.

Além disso, para o pesquisador do GPHSC e mestrando do PPGEN, Paulo A. de Oliveira , os estudantes devem trabalhar em conjunto com as equipes e comissões, “porque a gente precisa da visão deles enquanto alunos, para não impormos uma coisa que a gente só observa, e a gente não sabe o que esse aluno sente, e não ficar somente na visão de cima pra baixo”.

Pois, segundo a pesquisa, as situações de bullying se expandem para além de agressores, vítimas ou testemunhas e incluem toda a comunidade escolar e a família. Discutir violência no âmbito escolar significa enxergar a escola como um local de diálogo. É necessário observar o contexto das instituições educacionais não só como um espaço de aprendizado teórico, mas um local de interações sociais onde, tanto alunos quanto professores são sujeitos socioculturais, envolvidos em interações cotidianas.

Para Adriana, o grupo de pesquisa atua com a intimidação sistemática, com questões que acontecem no dia-a-dia, “mas, por trás desta intimidação existem algumas bases concretas e pesadas que sustentam esta intimidação, que são os dispositivos de controle como o machismo, como a homofobia, o racismo, a luta de classes”. Para a psicóloga, o bullying é só a ponta do iceberg de um grande bloco de gelo de muitas outras questões.

“Às vezes o grupo fica um pouco na superficialidade de uma coisa que é tão mais profunda, que é tão mais enraizada na nossa sociedade, que nos forjou, que está na nossa estrutura de pessoas, está na nossa estrutura familiar, religiosa, de tudo, e cada dia mais a gente vai afundando mais nesse iceberg e, quem sabe um dia a gente consiga fazer uma pesquisa de baixo pra cima”, finalizou Adriana.

E esta é a perspectiva atual do grupo, realizar pesquisas específicas aprofundando na complexidade da temática. Segundo Raquel Mota, a transversalidade é uma noção interessante para o grupo pensar, “porque nós não podemos polarizar em nenhum ponto a discussão, porque nós sabemos que quem vai nos ouvir tem "N" influencias. Então, às vezes, nós podemos achar que estamos combatendo o bullying fazendo um discurso e podemos estar reforçando um outro lado devido à outras influências que a pessoa tem”.

Para ela, é preciso ouvir os vários discursos e cada verdade que esses discursos manifestam, “até para que haja uma comunicação entre esses discursos”. É preciso aplicar a ideia do “agir comunicativo”. “A partir da comunicação e da abertura dos discursos eu não preciso de ações de violência e exclusão”, completou a pesquisadora.

Sobre o grupo

O Grupo de Pesquisa em Humanidades e Sociedade Contemporânea do IFMT (GPHSC), cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), foi fundado em 2008 e conta com pesquisadores das várias áreas das ciências humanas e sociais, buscando interpretar a sociedade contemporânea a partir de diferentes concepções teóricas e autores, descrevendo e analisando de diferentes ângulos os mesmos fenômenos.

A perspectiva que orienta o grupo é transdisciplinar, ou seja, parte do pressuposto epistemológico de que a realidade social é constituída por diferentes níveis em coexistência, sendo a mente humana o meio de conexão entre esses diferentes níveis de realidade. Diante o exposto, o grupo já desenvolveu pesquisas sobre educação ambiental, ética, ciência e tecnologia, dentre outros temas,

Atualmente o GPHSC tem como foco de pesquisa as múltiplas formas de violência: física, psicológica e simbólica, as quais estão presentes no contexto escolar e está, neste momento, encerrando a primeira etapa do relatório da proposta de diagnóstico e projetando a segunda etapa de intervenções nas unidades pesquisadas que combatam a Violação dos Direitos Humanos e o Bullying no ambiente escolar.

O Projeto de Pesquisa Violação dos Direitos Humanos e Bullying no contexto escolar: Diagnóstico e proposta de intervenção com base no empoderamento dos alunos foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e está em andamento desde agosto de 2016 (CAAE: 60165016.0.0000.5165). Ele pretende “investigar, compreender e interpretar a situação de possíveis processos de violação dos Direitos Humanos envolvendo adolescentes no contexto escolar, no sentido de promover ações de intervenção que possam contribuir para amenizar o problema”.

O grupo conta com técnicos administrativos, professores do IFMT, professores da Rede Estadual e particular, estudantes bolsistas, além de docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino em Associação Ampla entre a Universidade de Cuiabá-UNIC e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso - IFMT.

IFMT - Campus Várzea Grande/ Cristiane Fronza

 

início do rodapé

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso

Avenida Sen. Filinto Müller, 953 - Bairro: Quilombo - CEP: 78043-409

Telefone: (65) 3616-4100

Cuiabá/MT