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Reitor fala da política indígena do IFMT em evento da Opan

Publicado por: Reitoria / 29 de Janeiro de 2018 às 18:07

As ações e a política indígena do IFMT foram abordadas pelo reitor Willian de Paula, durante o seminário “Economias Indígenas e seus desafios”, realizado nesta segunda-feira (29) pela ONG Operação Amazônia Nativa (Opan). O IFMT apoiou a realização do evento, cedendo o espaço físico do auditório da Reitoria. O seminário contou com a participação de grupos de trabalho de Mato Grosso e da Amazônia, além de lideranças indígenas, como as do Xingu, que atuam com agricultura de média escala mecanizada e outros componentes da economia local e agricultura não mecanizada.

“São duas visões da economia indígena numa perspectiva diferente da produção, distribuição e consumo para a vida indígena”, explicou a professora Solange Pereira da Silva, pesquisadora da Opan.

“Procuramos o apoio do instituto pela identificação de papéis: as duas instituições são, por natureza, formadoras de pessoas e de trabalhos práticos, no caso da Opan, especificamente, nas áreas de saúde, educação e economia. Realizar o seminário no espaço do IFMT visa estabelecer uma relação e criar vínculos que possam desdobrar em parcerias na capacitação das equipes das instituições, dos povos indígenas e da população, abordando o que significa ser indígena hoje” afirmou o coordenador geral da Opan, Ivar Buzatto.

“Neste primeiro momento a Opan está apenas usando o nosso espaço. Mas no futuro ela, que já vem desenvolvendo um trabalho significativo há quase 50 anos, será uma parceira importante das ações que queremos implementar seja com os pesquisadores que militam na causa indígena, seja com o NUMDI, cujo papel é fortalecer as políticas indígenas junto com as discussões raciais e de fronteira”, destacou o reitor.

O professor Willian elencou os trabalhos do IFMT voltados aos povos indígenas, a exemplo do curso técnico em agroecologia desenvolvido pelo Campus Confresa com o povo tapirapé e do núcleo de Canarana, trabalhando no portal do Xingu, com o povo xavante.

“É uma atuação muito forte até pela localização dos campi. A grande maioria deles já desenvolveu ou desenvolve algum projeto voltado a essa parcela da população”, frisou.

Atualmente o campus Barra do Garças vem buscando fortalecer sua atuação, projetando a criação de um núcleo indígena para o Araguaia, envolvendo profissionais dos campi Rondonópolis, Confresa, Juína, Campo Novo do Parecis e Diamantino.

“Queremos fortalecer todos os nossos campi com esse núcleo com sede no campus de Barra do Garças, para atuar em parceria com o NUMDI e disseminar ações de pesquisa, ensino e extensão voltadas ao povo indígena. Pensamos em oferecer formações inicial e continuada, cursos técnicos, de graduação e tudo o mais que for possível realizar dentro desse território étnico-educacional, neste que é um estado indígena”, planeja o reitor.

Palestra - Referência latino-americana sobre agricultura de base agroecológica, o professor da UFRGS, Sebastião Pinheiro abordou os desafios para a preservação das áreas naturais do planeta e criticou a expansão ‘desenfreada’ do agronegócio.

“Há um assanhamento, uma palava forte, do agronegócio, que está procurando expandir suas fronteiras sobre as áreas de natureza. Todos os protocolos em função da mudança climática são para se começar a fazer agricultura sustentável. Mas esse assanhamento está procurando aumentar o seu território porque sabe que em alguns anos terá que parar essa fronteira de expansão. Então estão ganhando velocidade agora para poder dizer: ‘até aqui é nosso, não é mais natureza”, argumentou.

Segundo o pesquisador, documentos do Banco Mundial e da Conferência Marco das Nações Unidas sobre clima indicam a necessidade de diminuir 1.5 grau de calor e reduzir a concentração de gás carbônico. “Se não fizermos isso continuaremos a enfrentar sérios problemas como o da febre amarela em São Paulo. Há 25 anos essa situação foi anunciada. O aumento de temperatura vai trazer de volta doenças antigas que estavam erradicadas e vão se alastrar e crescer”, alertou.

“Temos que parar porque a cada dia que passa fica mais difícil retomar um ponto de equilíbrio em que o clima do planeta, a saúde do solo, a saúde da população, a qualidade e as reservas de água sejam respeitadas”, completou.

O papel dos povos indígenas e novas formas de uso do solo foram apontados pelo professor como fundamentais para uma mudança de rumo na agricultura.

“Poucos países têm a possibilidade de reverter esse processo. Nós temos. É importante começar a ver que quando o solo tem saúde podemos aumentar o carbono e o agricultor ficar melhor. As comunidades indígenas detém essa sabedoria. O solo mais fértil do mundo está aqui em Mato Grosso, a terra preta de índio. É um solo de mais de sete mil anos, que fixa gases do efeito estufa. O indígena sabe como fazer, nos ensina e podemos passar isso à humanidade, como uma dádiva para corrigir erros cometidos nos últimos 250 anos”, defendeu.

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