Elas criaram um material didático interativo que demonstra, de forma visual, como diferentes emoções estão ligadas a neurotransmissores específicos e auxilia a compreensão e regulação emocional juvenil
O projeto intitulado “A Química das emoções: neurotransmissores, funções orgânicas e saúde mental”, realizado por duas alunas do quarto semestre do curso Técnico Integrado em Química do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) Campus Cuiabá - Bela Vista está entre os três trabalhos de Mato Grosso selecionados para a Mostra Presencial da 23ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE).
O evento ocorrerá no período de 24 a 28 de março de 2025 no campus da Universidade de São Paulo (USP). Esta é uma das maiores feiras na área de Ciências e Engenharia, com visibilidade internacional, que tem como objetivo incentivar a investigação científica, a criatividade e a inovação na educação básica e tecnológica.
Sob a orientação da professora Josane do Nascimento Ferreira Cunha, o projeto das estudantes Ana Vitória S. Gomes e Isadora Maria de Carvalho Castro investigou como neurotransmissores influenciam emoções humanas, especialmente em adolescentes, usando um cérebro impresso em 3D e luzes LED.
Sobre o projeto
O projeto "A Química das Emoções: Neurotransmissores, Funções Orgânicas e Saúde Mental" investiga como neurotransmissores, como serotonina, dopamina, GABA e noradrenalina, influenciam emoções humanas, especialmente em adolescentes, com foco em transtornos emocionais como ansiedade e depressão.
Durante a adolescência, o cérebro passa por transformações que afetam diretamente a saúde mental, sendo essencial entender essas mudanças para ajudar os jovens a lidarem com suas emoções de forma saudável.
Por meio do desenvolvimento de um material didático interativo com um cérebro impresso em 3D e luzes LED, demonstrou-se de forma visual como diferentes emoções — como felicidade, tristeza, ansiedade, raiva e tédio — estão ligadas a neurotransmissores específicos.
Cada emoção é representada por uma cor de luz, que se acende no cérebro 3D, facilitando a compreensão de como essas substâncias bioquímicas regulam o comportamento e o humor.
Além do cérebro 3D, o projeto inclui um quadro interativo que oferece informações sobre cada emoção e os neurotransmissores correspondentes, conectando o aprendizado à experiência cotidiana dos alunos.
A proposta buscou também tornar o ensino de Química e neurociência mais acessível e envolvente, ao mesmo tempo em que promove o autoconhecimento emocional e a conscientização sobre saúde mental.
Os resultados indicaram que o uso de uma abordagem visual e interativa aumentou a clareza no entendimento de conceitos químicos e bioquímicos relacionados às emoções. A representação das emoções por meio das cores das luzes LED permitiu que se fizesse uma conexão direta entre as sensações cotidianas e a química cerebral.
Expectativas e conquistas
Ana Vitória relatou uma mistura de satisfação e orgulho pelo resultado do trabalho realizado combinados a expectativa e entusiasmo pelo que ainda está por vir. Ela conta que todo esse processo, desde a concepção do projeto, tem sido uma experiência “incrível e surpreendente”.
“No melhor cenário, sonho em levar nosso trabalho para o Regeneron ISEF [Regeneron International Science and Engineering Fair, Feira Internacional de Ciências e Engenharia, que ocorre nos Estados Unidos]. Mas, na verdade, não vejo um cenário ruim, pois só o fato de estarmos a caminho da USP já é uma conquista imensa,” reflete a jovem.
Isadora concorda com a colega e está contando os dias para apresentar o trabalho aos seus pares e ao público presente no evento. Ela considera a experiência uma oportunidade para conhecer melhor o meio acadêmico e tentar se aprofundar nesse universo. E revela que há algum tempo, via a USP como um sonho distante, um lugar acessível apenas para as pessoas mais bem-sucedidas. Mas hoje, descobriu que nada é inatingível quando se tem determinação e apoio para vencer.
“Nunca imaginei que fazer ciência me cativaria tanto. Sempre enxerguei minha trajetória de forma linear—ingressar em uma faculdade e seguir uma carreira. Mas desde que entrei no Instituto Federal, tudo me direciona para um caminho diferente: o da pesquisa e do conhecimento científico. Só tenho a agradecer por essa oportunidade. O IF vai além de oferecer acesso à educação; ele forma cidadãos e nos integra verdadeiramente à sociedade”.
Conhecimento na prática
Como orientadora, a docente expressou sua alegria ao ver a evolução das estudantes ao longo do projeto e, especialmente, a oportunidade de apresentação em uma feira de grande porte em uma das mais renomadas instituições do país.
“Ficamos super felizes [com a aprovação]! Será uma excelente oportunidade de ampliar a formação acadêmica das alunas que se juntarão aos melhores trabalhos submetidos ou selecionados de 111 mostras científicas de várias regiões do Brasil. E também um momento de visibilidade institucional, além da nossa satisfação pessoal”, detalhou Josiane.
“Os relatos refletem o impacto transformador dessa experiência em suas vidas, mostrando não apenas o crescimento acadêmico, mas também a construção de confiança, autonomia e paixão pela ciência. É gratificante acompanhar esse processo e ver o quanto essa vivência amplia horizontes e inspira novas conquistas,” completou.
A docente destacou que ao desenvolver um produto ou material didático criativo e inovador os estudantes desenvolvem, também, habilidades como a pesquisa, a criatividade, o pensamento crítico, a comunicação, entre outras aptidões. O objetivo dessa estratégia é fazer com que os estudantes consigam visualizar os conhecimentos em ação na prática, no cotidiano.
“No final do semestre, eles apresentaram o trabalho realizado e entregaram o resumo expandido. Na sequência, procuro incentivar os grupos a aperfeiçoarem os trabalhos, reforçarem o conteúdo e divulgarem nos eventos científicos. E foi exatamente isso o que ocorreu neste caso: um resultado exitoso”.