Evento foi realizado nos dias 16 e 17 de junho pela primeira vez no Campus Cuiabá
Um convite para trocar saberes, conhecer práticas culturais e definir caminhos coletivos para as (re)existências de povos originários, em Mato Grosso. A Primeira Semana dos Povos Indígenas organizada e vivida por servidores, estudantes e colaboradores do IFMT Campus Cuiabá Octayde Jorge da Silva promoveu encontros presenciais nos dias 16 e 17 de junho. Com o tema "I Moitará – Conexões Indígenas: Culturas, Saberes e Desafios”, a programação foi realizada no Cine Teatro Cuiabá e no campus Octayde.
Estudantes e professores/as do Campus Octayde protagonizaram as apresentações do Coletivo AFRO (IN)SOM, as peças teatrais “Pão Velho” e “A árvore da vida” do Grupo Ser Cena (Teatro), além da participação do Coral IFMT Campus Várzea grande que apresentou canções do show "Na Volta Que o Mundo Dá". Os cantos “Koi Txangaré”, do povo Paiter Suruí, de Rondônia, e “Wahanararai”, do povo Kanamari, do Amazonas, estavam no repertório do coral.
A programação alternou momentos culturais com reflexões, rodas de conversa e oficinas protagonizadas por indígenas de diversos povos que vivem em Mato Grosso. Dentre as questões enfrentadas atualmente nos territórios, José Ângelo Nambiquara destacou a busca pela soberania alimentar e o consumo de alimentos saudáveis como prioridade para melhorar os hábitos de jovens e adultos. Ele alertou para os diversos casos de hipertensão e diabete identificados na Aldeia Tirecatinga, localizada na região de Sapezal.
“De 2020 para cá, com a pandemia de Covid-19, o nosso povo despertou para a necessidade de retomar e fortalecer as roças tradicionais, os pomares produtivos e a produção de peixe no nosso território. Os boletins epidemiológicos indicam doenças até na população jovem. Também precisamos de políticas públicas para fomentar ações que contribuam para a nossa soberania alimentar", disse no primeiro dia do evento.
Pesquisadores, indígenas de vários povos, indigenistas e professores do IFMT dedicaram-se às atividades com o objetivo de proporcionar o convívio e as trocas com fazeres diversos, o cerne e significado do termo “moitará". As palestras e rodas apresentaram, dentre os temas discutidos, o etnoturismo do povo Balatiponé, com a participação de Isaac Amajunepá; “Letramento Indígena” de Eliane Xunakalo, pela presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) e participação do indigenista Ivar Busatto, da Operação Amazônia Nativa (OPAN), além de outros aspectos sobre os povos tradicionais.
Adriana Werneck, socióloga, doutora em Antropologia Social, que contribuiu na organização do evento, disse que “os povos indígenas têm muito a ensinar porque eles têm saberes, tecnologias, e cultura. A nossa percepção é que o definidor de tecnologia é quando há a domesticação, exploração da natureza. Quando se tem a oportunidade de conviver com os povos tradicionais fica mais fácil de se compreender que eles dialogam com a natureza, ao mesmo tempo que criam e compartilham conhecimentos sobre plantas medicinais, por exemplo".
Também foram destaques as vivências construídas para o evento, como as salas temáticas “Caminho do Peabiru: uma imersão na sabedoria ancestral Guarani”, com as turmas do 3º A e 3º B de Secretariado, e orientação do professor Leonam Silva. A professora Karina Brito orientou a criação das salas “Incas, Maias e Astecas", do 2º A de Agrimensura, e “Povos originários do Brasil", feita pelo 2º ano B de Agrimensura.
Fizeram parte da comissão organizadora: Adriana Regina Werneck; Andressa dos Santos Alves; Claudio Aurelio Leal Dias Filho; Dejenana Keila Oliveira Campos; Graziano Farias de Souza; Jamilly Mendonça dos Santos; Karina Oliveira Brito; Letícia Rosa de Almeida Leite; Monica dos Santos Spinelli; Sandro Aparecido Lima dos Santos e Sidney Junior Martins da Silva.
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