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Aula de campo multidisciplinar pretende repensar a cidade e seus processos históricos

Publicado por: Campus Várzea Grande / 22 de Maio de 2023 às 13:45

A aula de campo foi pensada para discutir os 3 séculos do ato fundacional da cidade de Cuiabá 

Cerca de centro e trinta estudantes dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio (4º semestres de LOG e DCC e todos os 5º semestres) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – IFMT Campus Várzea Grande realizaram uma aula de campo multidisciplinar no dia 09 de maio de 2023.

O roteiro completo durou um dia inteiro e contou com o acompanhamento das professoras Cristiana de Vasconcelos Lopes, de História, que organizou a aula de campo, Lívia Fioravanti, Luma B. Garcia de Almeida, Gabrielly Cristhiane Oliveira e Silva e Karyn F. Antunes Ribeiro, e dos professores Felipe Vieira Freitas e Willian M. de Alcântara.

"A capitania de Mato Grosso foi criada em 9 de maio de 1748, através de uma Carta Régia que a separava da Capitania de São Paulo. Apesar de fixar as suas fronteiras no oriente com as outras capitanias, não havia referência à delimitação de fronteiras ao ocidente, território sob domínio espanhol. Uma Carta Régia expedida pela Coroa em janeiro 1749 mostrava a preocupação com a presença espanhola, principalmente na navegação e pesca no rio Guaporé. O nome Mato Grosso deriva de uma das minas da região de mesmo nome", explicou a professora Cristiana.

Segundo ela a aula de campo foi pensada para discutir os 3 séculos do ato fundacional da cidade de Cuiabá; na perspectiva crítica, a abordagem foi trabalhar de forma decolonial a cidade, suas invasões e suas fronteiras consolidadas ao longo do tempo.

Os ônibus saíram às 07h30min do IFMT-VGD, com destino ao Arraial da Forquilha, "onde os bandeirantes alí chegaram e consolidaram como um marco fundacional aquele espaço". A data da visita, dia 9 de maio, também foi "pensada para rememorar a data de fundação da capitania de Mato Grosso", afirmou Cristiana.

"Depois nossa aula de campo continuou no Centro Histórico de Cuiabá e no Centro Cultural Casa das Pretas, como marco de resistência e luta da população negra e ameríndia no decorrer do tempo". Para Cristiana, "a prainha foi um palco de luta dos povos originários e a Praça da Mandioca (local onde fica a Casa das Pretas) foi um Pelourinho (local de tortura física) do povo negro sequestrado na África e escravizado aqui no Brasil e em MT".

Carol Damasceno (do movimento feminista negras herdeiras do Kariterê) guiou a visita dos(as) estudantes pela casa. Segundo ela "o pessoal veio aqui para conhecer o Centro Cultural Casa das Pretas, que é do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso, e aí a gente fez uma contextualização da casa, das atividades culturais e sociais que nós fazemos aqui dentro do espaço, que dialogam com o processo cultural do entorno, da Praça da Mandioca, do Centro Histórico, tendo em vista que, por exemplo, a Praça da Mandioca já foi o pelourinho e aí a casa onde nós estamos, é uma casa que pelo tamanho e pelo formato, obviamente não foi ocupado por pessoas negras, só tiveram pessoas negras no processo de construção da casa, até mesmo a gente teve telhas feitas na coxa, e essas telhas foram feitas nas coxas dos escravos; e aí a gente falou em cada espaço que nós temos o processo de ressignificação do uso do espaço e de estar no entorno da Praça da Mandioca". 

"A visita técnica teve o objetivo de trazer a nossos estudantes um pouco mais sobre a história de Cuiabá, com a ida ao Arraial da Forquilha, no distrito de Coxipó de Ouro. Lá, foi possível ver o Rio Coxipó ainda com bastante vida e áreas hoje também de expansão urbana, articulando com o que estamos discutindo em nossas aulas de Geografia. Nossos estudantes ficaram encantados com a Casa das Pretas, esse lindo espaço cultural, e pretendem voltar!", afirmou Lívia Fioravanti, professora de Geografia.

Ao saírem do centro histórico de Cuiabá, foram à Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT para almoçar no R.U. (Restaurante Universitário), fazendo com que os(as) estudantes tivessem uma experiência BEM universitária. Durante a tarde, visitaram a Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia – FAET, onde foram recebidos(as) pela Profa. Dra. Yara da Silva Nogueira Galdino.

Segundo Yara, o grupo fez uma pequena caminhada pela FAET, visitou salas de aula, espaços de convivência e o Núcleo de Pesquisa em Arquitetura Indígena – Tecnoíndia. "Depois fomos ao auditório, onde apresentamos as atribuições do Arquiteto e Urbanista, falamos do perfil do aluno do curso, disciplinas e carga horária e apresentamos aos alguns trabalhos feitos pelos alunos do curso e, por fim, abrimos para perguntas e respostas", finalizou a chefe de Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

Alcides José de Moraes Neto, estudante do 5º semestre de Edificações, contou que gostou bastante da visita. "Acho que aprender mais sobre a cultura local é algo importante para as pessoas se sentirem pertencentes". "Acredito que a palestra mostrou mais sobre a carreira que muitos no campus querem seguir, ajudou os alunos a se orientarem e decidirem seu curso superior. Estou empolgado à espera da próxima visita!".

Após a visita pela FAET, o 4º e o 5º Semestres de Desenho de Construção Civil foi para o Laboratório de Biologia conhecer a exposição de animais não catalogados, acompanhados pelo professor do campus, Felipe de Freitas, e pelos professores de Ecologia e Biologia UFMT: Rogério Conceição Lima dos Santos, Davi Machado Castilhos, João Emanoel Evangelista e Laura Vitória Barboza França. Os(as) estudantes observaram uma exposição sobre os moluscos bivalves dos rios do Mato Grosso.

Texto: Cristiane Fronza (Comunicação IFMT-VGD) - Fotos de alunos e professores
Publicado em 19/05, com atualizações em 22/05/23.

Veja mais fotos (por Lucas Rocha): Pasta do Drive  

Uma experiência muito marcante

"Para mim, toda a aula técnica foi muito interessante, e teve, claro algum pontos que me chamaram muita atenção. Primeiramente, conhecer o local por onde eles chegaram, afinal eu não conhecia, particularmente algo que me chamou atenção foi a estrutura da igreja, uma vez que tem toda uma história envolvendo a parte da colonização e das diferenças raciais.

Em segundo lugar, também não conhecia 'A CASA DAS MULHERES PRETAS', achei magnífica a maneira com que as mulheres pretas são valorizadas, em uma de suas exposições tinham os orixás de religiões africanas, que sou apaixonada... me encantou de uma maneira incrível sua afroteca, tirei fotos de frases lindas dos livros ali, tivemos uma conversa breve, porém proveitosa, com uma das responsáveis sobre as mulheres que estavam nas pinturas e descobrimos que as tranças eram um dos meios de ajuda na época da escravidão: elas desenhavam o caminho do quilombo e carregavam as sementes para plantar lá também.

Em nossa terceira parada, eu tive um primeiro contato com a UFMT e foi ótimo esse contato, já que o desejo do estudante atualmente é se formar e cursar sua faculdade lá; tivemos uma experiencia incrível de conhecer os moluscos estudados no setor de biologia, eu toquei em um deles, vi no microscópio, foi uma experiência muito marcante!"

                                                   Hellen Ribeiro Correia - turma de 4° semestre de Desenho de Construção Civil

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