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Dia Internacional dos Povos Indígenas: o IFMT Juína e os Rikbaktsa

Publicado por: Reitoria / 9 de Agosto de 2024 às 06:00

Ao longo da última década o campus Juína do Instituto Federal de Mato Grosso estabeleceu com os povos indígenas Rikbaktsa uma relação de proximidade e ricas trocas culturais. Essa é a avaliação do professor Josemir Paiva Rocha, por ocasião do Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta sexta-feira (09).

“A gente tem um contato bem interessante com os povos Rikibatsa já há muito tempo, pelo menos uns 10 anos. Vários professores aqui do campus têm trabalhos voltados a esse povo, mas sempre foram mais trabalhos de pesquisa e aí há um relacionamento bem estreito já construído nesse período”, contou Paiva.  

Atualmente, o coordenador do programa de Recuperação de Nascentes do Córrego Passo Preto, que, entre diversas ações, promove a recuperação da mata ciliar naquela região está desenvolvendo dois cursos com mulheres Rikbaktasa: o primeiro, de coleta de sementes, teve a primeira, das três turmas previstas, encerrado em julho passado.

“O [programa extensionista do IFMT] Teresa de Benguela veio e casou com o nosso programa local. Das 270 mulheres em situação de vulnerabilidade que a gente se propôs a atender aqui na região, 70 são mulheres Rikbaktsa. Estamos fazendo dois cursos de formação com elas,” explicou.

O segundo curso, de recuperação de áreas bioperturbadas, será realizado até 2025, com o plantio das mudas feitas a partir das sementes coletadas. Um esforço, segundo o professor, para tentar mudar uma característica preocupante resultante da prática agrícola realizada por aquele povo.

Coleta e recuperação

Os povos Rikbaktsa praticam a agricultura chamada de coivara, uma espécie de agricultura itinerante, nômade, que provoca o desmatamento das terras indígenas. Esse desmatamento na borda das aldeias é facilmente observado por meio de drones.

“Eles desmatam, vão lá e plantam arroz, feijão, milho, banana, cará, mandioca, dentro dessas áreas. Como fazem a derrubada e a queimada, jogam toda a matéria orgânica possível e disponibilizam no solo através de cinza. Só que o solo drena esse material e ele fica distante da raiz da planta. Vai para um lugar onde as plantas de ciclo curto não conseguem captar esses nutrientes. Aí a terra enfraquece, eles abandonam e vão para outro local, fazendo um buraco atrás do outro na floresta,” descreveu.

Por meio desse curso de coleta as sementes estão sendo recolhidas pela comunidade e sendo utilizadas para a produção de mudas nos viveiros. Já foi montado um viveiro, o segundo está sendo feito e, no total, serão quatro viveiros dentro da terra indígena para produção de mudas. Parte dessas mudas vão para dentro dessas áreas de clareiras.

A outra parte pode ser comercializada pela comunidade. Além da coleta de sementes, a produção de mudas e, finalmente, a recuperação de áreas degradadas, a iniciativa também vem possibilitando lições de empreendedorismo feminino importantes para a valorização da mulher indígena.

“As atividades de artesanato resultaram em produtos mostrados e comercializados na Expo Favela, que aconteceu no mês de junho em Cuiabá. Dentro desse projeto a gente conseguiu levar duas líderes indígenas, a d. Domingas e a d. Lucinete, para ter essa experiência. E isso é muito legal,” avaliou.

Visitação, imersão e trocas culturais

O docente conta que anualmente as turmas dos terceiros anos dos cursos técnicos em meio ambiente, em agropecuária e em comércio são levadas para uma visita às aldeias. Alguns professores de matemática, trabalham a etnomatemática com os povos indígenas. E esse contato e os laços seguem sendo mantidos.

“Os alunos fazem uma imersão cultural lá, para dialogar com a comunidade. Passamos o dia juntos, a gente faz um almoço comunitário, tem relatos de experiência, bate-papos, exploramos um pouco das características da geografia física, da fauna, da flora, do local, uma vivência significativa para todos”.

Povos originários

Ainda por meio do programa Teresa de Benguela, mulheres chiquitanas moradoras de Vila Bela da Santíssima Trindade também estão sendo capacitadas para o empreendedorismo feminino, a geração de renda e a autonomia social.

Sobre o 9 de agosto

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1994. O dia é dedicado a homenagear e reconhecer as tradições dos povos indígenas e promover a conscientização sobre a inclusão dos povos originários na sociedade, alertando sobre direitos e reafirmando as garantias previstas na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 

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