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Presentes no IFMT Povos Originários encontram oportunidades na instituição

Publicado por: Reitoria / 19 de Abril de 2023 às 06:00

A Diretoria de Assistência Estudantil, Inclusão e Diversidades lançará Edital de Auxílio Permanência para estudantes Indígenas em 2023.

 

Kariolaine Axūre e Myrella Jūn.re (beija-flor) são duas jovens representantes de um dos 43 povos originários brasileiros presentes em Mato Grosso. Kariolaine, 19 anos, e Myrella, 18, indígenas da etnia Kanela do Araguaia, da aldeia Nova Pukanū, município de Luciara estão matriculadas no curso técnico em Agropecuária do campus Confresa do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT).

“Eu vim da Aldeia da beira do rio Tapirapé, justamente para estudar no Campus. Atualmente estou morando na cidade de Porto Alegre do Norte, mas sempre vou na aldeia ver meu povo e também participar das danças culturais. Para nós, povos indígenas, a cultura nos fortalece a cada dia”, conta Kariolaine.

Myrella completa: “O meu povo sempre incentiva seus jovens a viver uma vida acadêmica e sempre lutar pelos seus direitos. Me sinto feliz e orgulhosa de ser indígena Kanela, jovem, mulher e acadêmica”.

Residindo fora do campus, ambas recebem o auxílio moradia da instituição e, mesmo divergindo quanto à execução e alcance das políticas de assistência estudantil no campus reconhecem sua necessidade e seu impacto.

“Olha, as políticas [de assistência estudantil] são extremamente importantes. Eu, particularmente, estou sendo bem atendida e bem assistida. Aproveito para agradecer a equipe do campus que está sempre à disposição para me ajudar e aos demais, que às vezes tem dúvidas sobre a assistência estudantil”, opina Kariolaine.

“Passei e passo algumas dificuldades pois minha família (mãe) não tem condições de me sustentar aqui na cidade. Divido aluguel, mas mesmo assim é bem difícil pois 400 reais não dão pra quase nada,” contrasta Myrella.

Desafios dos jovens indígenas ultrapassam as barreiras individuais

Liderança feminina jovem do seu povo e conselheira da regional Araguaia no departamento FEPOIMT-Mulher, da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato grosso Myrella diz sofrer por uma inclusão que, no seu modo de ver, "não inclui completamente”.

A jovem relata que vem recebendo auxílio psicológico da equipe multidisciplinar do campus para conseguir encontrar meios de conciliar diferentes responsabilidades.

“Tenho conversado com o psicólogo e ele tem me ajudado com esse fardo sobre minhas costas, pois não sou apenas uma jovem de 18 anos, sou uma liderança, representando além do meu povo, as mulheres [dos povos] Karajá e Tapirapé”, reflete.

Por ter o Instituto e essas responsabilidades Myrella revela que se vê em uma “encruzilhada” já que além dos estudos, se dedica as causas necessárias para os povos indígenas e não consegue conciliar tudo com atividades profissionais que possam lhe gerar renda.

“O IF pesa ainda mais quando por falta de políticas que nos assistam tenho que escolher se minha militância, se meu povo, se toda a luta é menos ou mais importante que meus estudos, mas eles caminham juntos, a militância também é uma escola,” analisa.

“Temos cota para indígena, mas quando entramos na instituição temos que viver como os não indígenas, pois as políticas não estão voltadas para a nossa realidade. Como liderança, tenho viagens importantes que não posso faltar e para seguir meu papel tenho que arcar com as consequências, faltas, perda de provas e atividades,” lamenta.

Já Kariolaine apresenta percepção e vivência diferentes: “Estudar no IF é extraordinário! Eu já sou veterana e me sinto muito feliz por tudo que o IF tem me proporcionado, sempre buscando uma educação de qualidade e uma saúde adequada. Me sinto muito bem aqui,” resume.

Estudantes indígenas são atendidos pelo Programa de Bolsa Permanência (PBP)

Dados reunidos na 1ª Pesquisa de Perfil Socioeconômico da Assistência Estudantil (2022) indicam a existência de 39 estudantes indígenas declarados no IFMT. Desses, 11 são atendidos pelo Programa de Bolsa Permanência (PBP). 

Segundo a Plataforma Nilo Peçanha, em 2022, 96 estudantes autodeclarados indígenas ingressaram no IFMT. E, atualmente, 135 descendentes de povos originários estão matriculados em diferentes cursos na instituição.

Criada há dois anos, a Diretoria de Assistência Estudantil, Inclusão e Diversidades informa que todos estudantes do IFMT têm acesso a Assistência Estudantil por meio do atendimento universal que consiste em programas, projetos e ações destinados a todos os discentes regularmente matriculados.

Entre essas iniciativas estão: Educação para os direitos humanos, Educação Inclusiva, Educação Alimentar e Nutricional, Educação Sexual e Saúde, Acolhimento e Acompanhamento Biopsicossocial, Monitoria Didático-pedagógica, Participação em Eventos Técnico-científicos, Apoio ao Movimento Estudantil Organizado, Atividades Desportivas, de Arte e Cultura, Serviço de Alimentação Escolar e Seguro escolar.

Edital de Auxílio Permanência para estudantes Indígenas será lançado em 2023

O atendimento seletivo é realizado, prioritariamente, a discentes com renda bruta familiar per capita de até um salário mínimo e meio, pela concessão de bolsas e auxílios financeiros.

São recursos nas modalidades de Bolsa Permanência Estudantil, Bolsa Monitoria, Auxílio Permanência Indígena e Quilombola, Auxílio Permanência de Estudante com Deficiência, Auxílio Alimentação, Auxílio Moradia, Auxílio Transporte, Auxílio Inclusão Digital, Auxílio para Tecnologias Assistivas, Auxílio Emergencial, Auxílio Creche, Serviço de Residência Estudantil e Serviço de Restaurante Estudantil.

Como parte do atendimento seletivo da Assistência Estudantil o IFMT lançará, este ano, um edital de Auxílio Permanência para os estudantes Indígenas e Quilombolas que não estejam sendo contemplados pelo PBP.

"A assistência estudantil no IFMT é imprescindível equipamento de permanência e êxito, a considerar que conforme a 1ª Pesquisa de Perfil Socioeconômico da Assistência Estudantil quase 80% dos participantes são público prioritário, estudantes com renda bruta familiar per capita de até um salário mínimo e meio," detalha o diretor de Assistência Estudantil, Inclusão e Diversidades, Leonardo Lima.

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