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Docente do IFMT defendeu sua tese de doutorado no auditório da reitoria e banca recomendou a publicação integral em formato de livro

Publicado por: Reitoria / 23 de Março de 2017 às 11:32

A docente do IFMT- Campus Pontes e Lacerda, Maristela Guimarães defendeu sua tese de doutorado no dia 21 de março, no auditório da reitoria, no período vespertino, intitulada “O “eu” confronta o “outro”: o que (re) velam as manifestações de brasileiros sobre haitianos nas mídias e redes sociais digitais”. A professora Maristela Guimarães é aluna do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

O reitor do IFMT, professor José Bispo Barbosa fez a abertura da defesa. Ele ressaltou a importância da qualificação profissional dos servidores e disse que "esta foi a primeira de muitas defesas que ocorrerão no IFMT/Reitoria". 

A defesa durou cinco horas, ocorreu por sistema presencial e videoconferência. Ela foi aprovada com nota A. A tese foi elogiadíssima pela banca e recomendada publicação integral em formato livro. “Agradeço o apoio incondicional da Reitoria, STI e dos demais servidores que se fizeram presentes. O sistema de videoconferência funcionou perfeitamente”, disse Maristela Guimarães.

O estudo, em síntese, segundo a docente, é transdisciplinar, e dialoga com a pesquisa, ensino e extensão. Especialmente voltado para as políticas públicas educacionais que se dirigem às populações em situação de vulnerabilidade. Segue abaixo o resumo do trabalho aos servidores interessados em assistir e conhecer uma defesa de doutorado.

RESUMO

GUIMARÃES, Maristela Abadia. O “eu” confronta o “outro”: o que (re) velam as manifestações de brasileiros sobre haitianos nas mídias e redes sociais digitais. 421 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Programa de Pós-Graduação em Educação, Cuiabá, 2017.

 

Esta pesquisa investiga as condições de existência dos migrantes haitianos no Brasil, entre 2010-2016, a partir de manifestações de brasileiros nos portais de notícias G1, Folha de São Paulo, UOL e nas redes sociais Facebook e Twitter.  Embora já houvesse migrantes haitianos no Brasil antes desse período, os números eram incipientes e os que para cá migravam vinham na busca, principalmente, de qualificação educacional. A partir de 2010, em virtude do sismo que vitimou milhares de haitianos e os expôs à situação de extrema vulnerabilidade, mas também por auspiciosas propagandas veiculadas naquele país sobre o Brasil, o contingente migratório aumentou e provocou uma mudança racial na paisagem branqueada de nosso País, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. A pesquisa é etnográfica, orientamo-nos pela Etnografia Virtual (HINE, 2004) e o campo investigado foi o ciberespaço (LEVY, 2000). A internet se configurou como veículo onde se processam as mudanças sociais (CASTELLS, 1999), espaço profícuo para pesquisas em todas as áreas. Desse modo, este é um estudo multidisciplinar realizado na área de Educação em diálogo com a Sociologia, Literatura, História, Antropologia, Comunicação Social e com as Tecnologias da Informação e Comunicação. Revisitamos a história da migração brasileira, compreendendo-a como processo social motivada pelo pensamento social brasileiro, de cunho racialista (SEYFERTH, 2009, 2015), categorizante da migração com características seletivas e restritivas (PATARRA, 2012; COGO; BADET, 2013; PÓVOA NETO, 2012, entre outros): o Brasil seleciona o perfil branco, europeizado como desejável para compor a nação brasileira e relega aos migrantes negros o perfil de indesejado. Com esse cenário histórico, e sustentado por um processo de branqueamento por que passou a população brasileira, o racismo permeou e permeia a sociedade e nela permanece institucionalizado. Essa problemática nos levou à seguinte questão: como se apresentam as condições de existência no Brasil do “outro”, migrante, negro, oriundo de um País pobre?  Para respondê-la, confrontamos sujeitos: “eu”, brasileiro e o “outro”, haitiano. O racismo e a xenofobia, motivadas pelo ódio ao negro como também pelo migrante, visto como ”invasor”, adquiriram novos contornos, recrudesceram e revelaram uma nova direção para o racismo à brasileira. As marcas da classe, da raça/cor e da origem foram compreendidas como marcas triplas, estigmas e índices que determinam o lugar que o haitiano pode ocupar no Brasil, cunhadas no termo neorracismo, nova forma de racismo que conjuga essas marcas triplas para discriminar e cujo alvo é o migrante haitiano. Essas marcas implicaram nos tons das manifestações que desmistificam a cordialidade do brasileiro e aponta que a civilidade não se dirige a todos. Este “outro” “indesejável” se faz visível e desmistifica o Brasil cordial do século XXI. Esse olhar sobre o “outro” deveria levar o “eu” brasileiro a um “pensar sobre si”, sua construção mental e os processos constitutivos do comportamento, reflexos do pensamento social brasileiro simbologicamente inculcado. Esse “pensar sobre si” num olhar voltado para a história iria numa nova direção, a da desconstrução mental do racismo que engendraria num outro comportamento social e poderia vislumbrar uma nova sociedade, com comportamento emancipatório e respeito à diversidade. A impressão que se tem e a que chegamos é que atravessaremos ainda, em grande medida, o século XXI com os pés e o pensamento no século XIX. A educação brasileira, apesar dos avanços, ainda não conseguiu promover o respeito à diversidade.

Palavras-Chave: Migração Haitiana. Pensamento Social Brasileiro. Mídias e Redes Sociais.  Racismo. Condições de Existência.

 

 

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