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IFMT na Mídia: Pesquisas mato-grossenses revelam concentração relevante de Ômega 3 e outros nutrientes em peixes de água doce

Publicado por: Campus Cuiabá - Bela Vista / 8 de Março de 2024 às 07:52

Pesquisas foram desenvolvidas no IFMT Campus Cuiabá - Bela Vista com peixes nativos e de cativeiro

Uma pesquisa desenvolvida no Campus Cuiabá Bela Vista, do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) revelou que peixes das espécies pacu-pevas e outras espécies de água doce, possuem concentração relevante de Ômega 3 e outros nutrientes, importantes para a saúde humana. O estudo foi destaque no programa Mais Agro, da TV Centro América, afiliada da Rede Globo e pode ser conferida clicando aqui.

O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos por mestrandos e pesquisadores da instituição, sob a coordenação da Professora Sandra Mariotto. Também colaboraram com a pesquisa os professores Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria, Xisto Rodrigues de Souza, Demétrio de Abreu Sousa e Edgar Nascimento.

O objetivo da pesquisa, de acordo com a professora, foi determinar a composição aproximada de proteínas e gorduras. “Especialmente, buscamos verificar as gorduras em frações, como ácidos graxos e a concentração de colesterol em espécies consumidas com regularidade em Mato Grosso”, comentou.

Os resultados, relatados em dois artigos, foram publicados em revistas científicas internacionais: o primeiro no Journal of Food Composition and Analysis com cinco espécies de pacu-pevas, e o segundo na revista científica Chemistry & Biodiversity com sete espécies nativas e três de cativeiro (peixes da piscicultura).

As pesquisas apontaram que todas as espécies apresentaram alta qualidade nutricional quanto a proteínas ou teor de ácidos graxos, a exemplo o Ômega 3, com baixos índices de trombogenicidade (gorduras que poderiam causar doenças) e altas relações de ácidos graxos hipocolesterolêmico (que beneficia o metabolismo). Em outras palavras, as espécies estudadas são boas fontes de proteínas dietéticas, e gorduras benéficas, entre eles o já conhecido Ômega 3, encontrado comumente em peixes de água salgada, como o salmão.

“A importância da pesquisa é salientar, que mesmo peixes da piscicultura (de cativeiro), são benéficos para o organismo, com gorduras favoráveis e proteínas de fácil digestão, quando comparadas a outras proteínas de origem animal”, afirmou Sandra.

A pesquisa desenvolvida no Campus Cuiabá – Bela Vista aponta que estes peixes de água doce, mais especificamente encontrados em Mato Grosso, são alternativas importantes na composição de uma dieta mais saudável. O resultado indica que o consumo de peixes da região pode, inclusive, baratear os custos de uma dieta específica desenvolvida por nutricionistas.

É o que aponta a Ana Flávia Amorim. Nutricionista e pós-graduada em Comportamento Alimentar e Nutrição Clínica, que destaca a importância da pesquisa. “Para a área da saúde, transcende o aspecto da nutrição. O peixe estudado é mais acessível para a população, facilitando dessa forma, o acesso a nutrientes importantes como o ômega 3, que possui ação anti-inflamatória, auxilia no tratamento de colesterol alto e metabolismo da glicose, além de estudos recentes terem apontado um papel importante dessas gorduras na prevenção de Alzheimer”, destacou.

Ana Flávia pontua que o peixe fornece proteína de alta biodisponibilidade e com uma digestibilidade mais fácil, sendo muito relevante dentro de um contexto de alimentação saudável, que busca prevenir ou tratar doenças crônicas como obesidade e diabetes.

O consumo de peixes regionais faz bem para a saúde e para o bolso. De acordo com o presidente da Associação Mato-grossense de Piscicultores (Aquamat), Darci Fornari, optar pelo Tambatinga por exemplo pode representar uma economia de até 60%. “O quilo do peixe inteiro eviscerado gira em torno dos R$ 22 por quilo, enquanto o filé da Tambatinga é vendido em média a R$ 55 o quilo”, comentou. O valor do filé do salmão chega a R$ 135 o quilo.

 Darci destaca que a expectativa é que o mercado de peixes de água doce aumente para este período da quaresma em Mato Grosso. “Apenas em Tambatinga a produção anual no estado chega a 30 mil toneladas. Para a quaresma a previsão é que sejam comercializados 30% deste valor, em torno de nove mil toneladas”, comentou.

AMPLIAÇÃO

Os resultados da primeira pesquisa, com as pacu-pevas, motivaram os pesquisadores do IFMT Campus Cuiabá – Bela Vista a ampliar as análises para outras espécies, na busca de concentrações relevantes destes nutrientes. A segunda pesquisa englobou dez espécies, sendo três delas usualmente criadas em cativeiro, como o Tambacu, o Bagre e a Tambatinga.

“No caso da Tambatinga, especificamente, já tínhamos o conhecimento junto a piscicultores de que a espécie possuía um rápido crescimento de massa muscular, o que representa uma boa lucratividade na criação do peixe em cativeiro. Nesta pesquisa em andamento já identificamos, por conta desta qualidade da Tambatinga, uma alta concentração proteína”, afirmou Sandra Mariotto.

A Tambatinga, por exemplo, possui uma concentração de 28,66% de proteínas, conforme apontou a pesquisa. Já o Pintado, possui uma concentração de 22% de proteínas. “Carnes vermelhas podem ultrapassar os 30% de concentração, mas, se levarmos em conta a digestibilidade e a concentração de gorduras, é mais indicado o consumo de peixe”, comentou.

Isso significa, de acordo com a pesquisadora, que os resultados preliminares apontam para a Tambatinga como uma boa alternativa nutricional inclusive para a carne vermelha. “Se imaginarmos a indústria da pecuária e os impactos no meio ambiente, apresentar uma alternativa como a Tambatinga na dieta regular implicaria não somente na mudança da dieta familiar, mas em toda uma cadeia de produção em prol da preservação ambiental”, destacou Sandra.

Artigos:

1. Danielli Medeiros Melo, Tayza Ferreira Roseno, Wander Miguel Barros, Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria, Camila de Souza Paglarini, Peter Bitencourt Faria, Sandra Mariotto, Xisto Rodrigues de Souza. FATTY ACID PROFILES AND CHOLESTEROL CONTENT OF FIVE SPECIES OF PACU-PEVAS FROM THE PANTANAL REGION OF MATO GROSSO, BRAZIL. Journal of Food Composition and Analysis, Volume 83, 2019, 103283, ISSN 0889-1575, https://doi.org/10.1016/j.jfca.2019.103283.

2. Mariotto S, Ramos Prado RM, Nascimento E, de Souza XR, de Abreu Sousa D. PROXIMATE AND FATTY ACID COMPOSITIONS OF TEN WILD-CAUGHT AND FARMED FISH SPECIES IN MATO GROSSO STATE, BRAZIL. Chem Biodivers. 2024. doi: 10.1002/cbdv.202301568.

 

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